A teoria hipodérmica, por conhecidência, surgiu na mesma época das duas guerras mundiais e da difusão em grande escala das comunicações de massa. Os elementos que mais caracterizam o contexto dessa teoria são a novidade do próprio fenômeno das comunicações de massa e a conexão desse fenômeno com as experiências totalitárias desse período histórico. A teoria hipodérmica é uma abordagem global da mídia, indiferente à diversidade entre os vários meios e seu grande componente de destaque é a presença explícita de uma "teoria" da sociedade de massa, enquanto na vertente "de comunicação" age complementarmente uma teoria psicológica da ação. A presença do conceito de sociedade de massa é fundamental para a compreensão da teoria hipodérmica. A sociedade de massa carrega os seguintes traços: o homem é reificado, isto é, destituído de qualidades individuais, despersonalizado, coisificado (transformado em coisa, bem de consumo, produto). O homem torna-se alienado da vida e dos projetos de vida, da vida do país, pois não dispõe de tempo livre nem de instrumentos teóricos para exercer a crítica de si mesmo e da sociedade. Não pode nem consumir o que produz porque é mal remunerado. O isolamento de cada indivíduo na massa anônima é um pré requisito da primeira teoria sobre a mídia. Esse isolamento não é apenas físico e espacial, é também de gênero variado. A massa é um grupo que surge e vive além dos vínculos comunitários preexistentes e contra eles, que resulta da desintegração das culturas locais, e na qual as funções de comunicação são impessoais e anônimas. A fraqueza de uma audiência indefesa e passiva surge dessa dissolução e dessa fragmentação. Se o componente principal da teoria hipodérmica é esse conceito de sociedade de massa, uma função não menos importante é desenvolvida pelo modelo "de comunicação", bem mais difundido e aceito naquele período.
Victória Pereira Araújo Lima
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